Crescer é complicado. Sempre é.
Quando era criança sofria com os comentários maldosos dos que estudavam comigo e com minhas notas ruins e acreditava que pior que aquilo, só não ter um sentimento recíproco do garoto bonitinho da minha sala.
Com o passar dos anos, me enxergar, quase que completamente, diferente de todos aqueles que estudavam comigo no Ensino Médio me passava uma insegurança muito grande. Minha auto-estima era praticamente inexistente e eu não tinha de onde tirar forças para acreditar que eu podia ser muito mais do que achava que era ou do que enxerga em outras pessoas e não em mim.
Quando completei 18 anos já estava morando em São Paulo e vejo que mudei muito nos últimos dois anos. Aprendi a ser menos apegada às pessoas. Sinto saudades, mas não me deixo consumir e afetar. Não sou mais a menina que caiu de paraquedas em sua cidade natal e enlouqueceu com esse novo mundo.
E ainda assim, crescer continua sendo complicado. Eu aprendi que posso não gostar de onde me encontro, mas que preciso viver porque o mundo continua a girar. Ainda existem pessoas que me lembram que nem sempre temos controle das situações, ou melhor, quase nunca temos esse controle. Que o meu papel é fazer aquilo que cabe a mim, seja em relação à alguém ou em como me proteger da imprevisibilidade que cerca as atitudes de outras pessoas.
E tão perto de completar 20 anos eu só vejo que ainda tenho muito a crescer e não sei em qual direção seguir. Como é complicado se sentir deslocada, sem saber o que fazer da vida. Enquanto isso vou descobrindo meus talentos, tentando encaixá-los de uma forma que me ofereçam uma satisfação pessoal, aquela sensação de ter desenvolvido algo.
Não sinto que desenvolvi algo nessas duas décadas que tenha sido impactante para os que me cercam, mas faço questão de conseguir fazer isso nos próximos 20 anos. E, espero eu, que leve muito menos tempo do que isso.