quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tudo que há de bom

Sou a favor de ver um cara dançando com sua namorada em pleno supermercado. Sou a favor de um casal de idade avançada trocando abraços no metrô lotado.

Acredito na atitude de um cachorro que "sorri" ao abanar o rabo para um desconhecido na rua, na da criança que ri para a pessoa atrás da mãe na fila do caixa, acredito na inocência que se torna cada vez mais extinta no coração das pessoas.

Me orgulho de ver uma amizade sincera, onde três amigos se propõem a presentear uma única amiga com uma única aliança. Mais, me orgulho de fazer parte desse tipo de amizade e por poder carregá-los a todo lugar que vou, todos os dias, prova de que amigos vem e vão, mas existem os que sempre valerão a pena.

Me impressiono com um escritor conhecido, filho de pai famoso, que dispõe do seu tempo para responder e-mail de leitora que se espelha nele, criando em mim, mais vontade ainda de me tornar como ele com o passar dos anos, seja na qualidade dos textos ou na bondade do coração.

Sorrio com o passarinho se alimentando num galho, de uma árvore qualquer, no meio da cidade de São Paulo, sendo capaz de chamar minha atenção e tirar o foco de qualquer barulho por alguns segundos.

Sou a favor, acredito, me orgulho, me impressiono, sorrio, com tudo que ainda há de bom no mundo, com tudo que é capaz de chamar atenção por ser diferente, por ser positivo, por tornar o mundo melhor.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Desvio

Eu não sei o que é mais difícil, digitar, mesmo com muita dor no braço, em um pequeno teclado de um smartphone, no escuro, para poder escrever sobre você ou ter que me policiar para manter você longe dos meus pensamentos, da melhor forma que eu puder, para me privar da necessidade de escrever, sobre você.

Mas mesmo me policiando, eu nem sempre tenho êxito. Um dia tem 24 horas e eu passo tantas delas acordada que a quantidade de pensamentos a nosso respeito é imensa.

Eu penso sobre ir embora, sobre o medo de não te ver antes de partir, o receio de me arrepender caso isso aconteça, medo de que isso não importe, para você.

Faço considerações sobre minhas atitudes, sobre as suas decisões, sobre como as coisas poderiam ser diferentes caso eu fosse mais forte. Ou eu fui forte até o ponto onde ser forte já não não adiantava mais?

Por que você não ficou para me explicar? Eu precisava tanto de alguém para me reerguer, eu precisava tanto de você para me ajudar a consertar tudo o que nós erramos.

E eu penso nisso tudo até quando decido que não vou pensar, eu sinto você nas situações mais aleatórias, você sempre esteve aqui e qualquer lugar que eu vá é só mais um motivo para pensar em você.

E o que eu mais penso, o que eu mais sinto, é que eu sinto muito. Sinto muito se hoje eu me sinto assim, se ontem eu me sentia assim, se eu vou sempre me sentir assim. Sinto muito se fui eu quem levou o nosso caminho certo a esse desvio torto. E se não fui eu, eu sinto muito por fazer parte desse desvio.

E torço para que tudo isso seja somente um desvio torto, que tenha nos tirado de um longo caminho tão certo. Mesmo que eu vá embora, mesmo que a gente não se veja antes de eu partir. Mesmo que eu nunca vá.

Uma parte de você sempre vai comigo e um pedaço de mim sempre será seu.

domingo, 5 de setembro de 2010

Pais e Filhos

Recentemente passei a ter medo de ter filhos. Medo não por conta da criação, pais educam, avós estragam, partiria dai. Medo de ter meus filhos em um mundo que, muito provavelmente, caso as coisas continuem como estão, será muito pior que o de hoje.

Sei que mesmo dando trabalho aos meus pais (afinal, essa é parte das obrigações primárias de qualquer filho), nunca fui de dar muito trabalho. Sem arranjar problemas na escola (o que não quer dizer que não arranjavam comigo), sem desobedecer (sempre). Meus pais, provavelmente, cultivam uma lista enorme de queixas a meu respeito, mas sei também que sempre fui uma boa filha.

Hoje sei que, de alguma forma, minha inocência em relação a muita coisa, durou bem mais do que a das crianças que cresceram comigo. Hoje vejo que as crianças da geração atual são cada vez mais adultas, na forma de falar, de pensar, de se portar, mesmo que ainda sejam crianças.

Meu medo é saber que não terei condições de privar meus filhos de aprenderem coisas na escola, na casa de amigos, que jamais aprenderiam comigo e que isso os torne jovens, adultos, fora da ética que lhes foi apresentada dentro de casa.

Tenho receio de que suas companhias os influenciem de forma negativa. Atitude é decisão pessoal, a mesma criação pode ser concedida a duas pessoas que tomarão decisões e caminhos completamente diferentes.

Eu não me vejo capaz, daqui a 10 anos (quanto mais agora), de colocar uma criança no mundo tendo a plena consciência de que a minha influência não é suficiente para que ela cresça corretamente.

Meu medo é que meus filhos me deem todo o trabalho que eu nunca dei aos meus pais. E que, pior, eu não seja capaz de ajudá-los a se tornarem adultos conscientes, responsáveis, cultos, como meus pais me ajudaram a ser.