domingo, 30 de maio de 2010

O Encontro

“A vida é a arte do encontro,
embora haja tanto desencontro
pela vida.”

Vinícius de Moraes

Em meio a um abraço desajeitado e silencioso ela disse:

- Oi – e sorriu.

Ele sorriu de volta com o canto da boca. Voltaram a ficar em silêncio. Ele sugeriu que caminhassem um pouco.

Lado a lado eles seguiram calmamente pela avenida, conversando besteiras e tentando fingir que aquele momento era apenas mais um, como outro qualquer, mesmo os dois sabendo que não.

Em meio ao balanço natural dos braços eles sentiam suas mãos se tocarem e ela, branquinha, ficava levemente corada a cada toque. Mas nenhum dos dois se propunha a segurar a mão do outro nem tão pouco se afastar para que os choques deixassem de acontecer pelo caminho.

Sentaram-se em um banco e ficaram em silêncio. Ambos assistindo a movimentada avenida e ao mesmo tempo perdidos em seus pensamentos e mundos interiores.

Ele perguntou o que ela estava pensando, ela hesitou, mas sabia que a melhor resposta seria a resposta verdadeira, levemente desviando o olhar ela disse:

- Eu sonhei com isso, assim. Por dias, logo no começo. Mas depois os sonhos deixaram de existir e eu achei que era para que a minha vontade de que os sonhos se tornassem reais deixasse de existir também. Como um aviso.

Ele a olhava, enquanto ela fitava o chão. Ele ficou pensando em como devia ter sido difícil para ela assumir aquilo, assumir que tanto tempo antes ele tinha feito parte dos sonhos dela:

- Eu também sonhei. Sonhei que um dia eu ia te pedir algo e você diria sim com um sorriso nos lábios.

Ela não sabia se esperava ele completar ou se perguntava qual era o pedido. Escolheu por se manter em silêncio. Ele se sentou um pouco mais perto dela e ainda assim ela buscava não olhá-lo, até que ele disse, estendendo a mão em sua direção:

- Você me daria a honra de segurar sua mão?
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Texto escrito em 14.01.10 - Como o tempo passa...

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