domingo, 3 de outubro de 2010

Colocando as cartas na mesa

Toda vez que eu sei que vou te ver eu tomo a decisão de não ser simpática quando isso acontecer. E a culpa é sua, você me faz decidir por isso. E então eu te vejo. E eu sou simpática. Não simplesmente por eu ser realmente assim, mas porque é isso que você aflora em mim quando estamos juntos. Seu sorriso, seu toque, a forma como fala comigo, me obrigam a ser assim.

E depois, quando você vai embora, quando eu vou embora, eu me odeio, eu te odeio. Eu sei que as coisas vão continuar sendo como sempre são, tudo é lindo até nos separarmos. Até aquelas horas juntos ficarem na lembrança e nós dois voltarmos para os nossos mundos que não incluem o outro.

A gente meio que finge que não se conhece, e quem foi que disse que a gente se conhecia?

Eu vejo que isso é, na verdade, um jogo seu. A parte do ódio que eu sinto toda vez que a gente se despede e parte, eu até gosto desse teu jogo. E você sabe que eu também jogo. E a cada vez aprendo mais as tuas regras e aprendo a impor as minhas.

Algumas regras pessoais eu esqueço ao te ver (talvez por isso o ódio de mim quando vou embora), algumas regras suas eu não entendo (talvez por isso o ódio de você quando vou embora), mas ao mesmo tempo o jogo me faz bem.

Eu sempre me prometo que vou parar de jogar esse nosso jogo secreto, mas acabo cedendo toda vez. Eu, provavelmente, só vou colocar as cartas na mesa quando você decidir fazer o mesmo ou quando você decidir abandonar a brincadeira saudável que a gente inventou sem nem ao menos combinar.

E eu sei que um dos maiores prazeres de um jogo é ganhar, mas eu adoraria um empate. Onde nós criamos novas regras, você fazendo parte do meu mundo, eu fazendo parte do seu. E nós dois indo embora juntos.

9 comentários:

  1. De todos os textos que você já escreveu, este é o que eu mais me identifiquei, com certeza :~

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  2. Foda. That is all.

    Mas é, acho que no fundo todo mundo ta jogando algum jogo...

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  3. Esse jogo parece até sujo quando você percebe que a carta que ele deixa você jogar, estão marcadas.

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  4. Por que quando o jogo é injusto, sujo, gostoso e necessário a gente não quer acabar com ele? Pelo simples fato de todas as vezes que o jogamos sentimos a felicidade florar no pequeno coração, o fazendo inchar, inchar tanto que temos medo de explodir de felicidade.
    Adorei o texto,
    suave, doce.

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  5. "Seu sorriso, seu toque, a forma como fala comigo, me obrigam a ser assim. E depois, quando você vai embora, quando eu vou embora, eu me odeio, eu te odeio"

    Não tenho nem mais uma virgula para acrescentar.

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  6. Pena que, em algum momento, alguém vai ter que terminar o jogo. Por ser tão legal, fica muito chato acabar, mas tem que ser assim. :(

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  7. Eu sou exatamente assim com você sabe quem. Eu não gosto, mas sou assim. E só aceito a condição de continuar sendo simpática e jogando porque o jogo também me faz bem. Eu posso até chorar e querer sumir quando a outra pessoa vai embora. Mas o que eu sinto ali, na hora, com ela, é a coisa mais mágica que eu consigo sentir na companhia de alguém. E só eu sei como esse jogo me faz bem.

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  8. Olá, Becka, tudo bem ? Meu nome é Caiã Messina, sou repórter da TV Bandeirantes e estamos fazendo uma reportagem sobre bullying. Se vc puder, agradeceria se entrasse em contato comigo pelo camessinahotmail.com

    Obrigado...

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