quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"Eu e você" não somos "nós"

Nós completamos nossas solidões. Eu a sua e você a minha. Mesmo que não estejamos juntos, mesmo sabendo que a chance de um dia estarmos é igual a nada.

E eu sei que tenho você para suprir minhas carências mais bobas, aquela necessidade de uma mensagem no celular no meio do dia, só para me dizer algo besta, só para não dizer que estava pensando em mim. Eu sei. Sei que mesmo tendo você para suprir minhas carências mais bobas, eu não estou te usando. E mesmo eu estando aqui para ouvir suas histórias, suas paixões por atrizes que não tem nada a ver comigo, eu sei que você também não está me usando.

Não foi um combinado, aliás, isso nunca foi dito, só agora me dei conta e por isso estou dizendo. Mas esse nosso não-relacionamento, seja pela distância, seja porque no fundo tudo parece tão perfeito talvez só porque não é totalmente real, dá certo assim.

Nós sentimos falta um do outro e, sentimos, na verdade, falta de outras pessoas. E já que elas nos faltam aprendemos a encontrar no outro aquilo que esperamos encontrar em alguém. E por mais que eu realmente sinta falta de alguém, hoje eu me sinto bem nessa nossa relação. Algumas pessoas não entendem, seja porque não estamos perto, porque não estamos juntos, porque não somos "nós", mas ajuda a preencher o meu vazio. E ajuda a preencher o seu.

Um dia os alguéns que tanto nos fazem falta vão aparecer. Bom seria se aparecessem ao mesmo tempo, mas sei que não vão. Ainda assim eu fico tranquila, porque a sua alguém vai ser melhor do que eu tento ser pra você. E o meu alguém vai ser o mesmo para mim. Talvez não na personalidade, na forma de tratar, mas só por estarem perto e terem o mesmo sentimento que nós dois aprendemos a construir de longe.

E eu te agradeço, porque com você eu aprendi a ser ciumenta, a tentar não ser, a me preocupar e confiar. Mesmo que a preocupação às vezes seja inútil e a confiança nem sempre mantida. Você me ajudou a viver um relacionamento mesmo não estando em um. E isso me faz te adorar muito, mesmo longe, mesmo sem estarmos juntos, mesmo sem sermos "nós". Ser "eu e você", hoje, me basta.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

M&M's em clima natalino

A Mars lançou para esse natal 3 latinhas colecionáveis contendo 100g de chocolate ao leite cada uma. Os M&M's são vermelhos e verdes em clima de comemoração ao natal.
A lata verde vem com os dois famosos personagens da marca, o Vermelho e o Amarelo. Já a lata amarela tem o Vermelho estampado e a vermelha o Amarelo. No site "Feliz Natal com M&M's" existe o perfil dos dois personagens fofíssimos, além de receitas feitas com os confetes, downloads de wallpapers e outras curiosidades e novidades da marca.

Cada latinha sai por R$10,45 nos Supermercados Pão-de-Açúcar, que foi onde encontrei as minhas. Já tenho a verde e a amarela. A vermelha chega logo logo por aqui. Até porque sou viciada nesses M&M's e não só pelo chocolate em si. Eu já tenho os 3 gigantes! Vocês conhecem?


Eles estão disponíveis nas cores azul, vermelho e verde. Eu juro já ter visto um amarelo, mas não o comprei e o site da marca indica que ele não existe. Mas são lindos! Cada um vem com um pacote de chocolate ao leite de 104g.


E pra fechar, uma montagem e foto que fiz no começo desse ano de "presente" com esses confetes apaixonantes.



domingo, 5 de dezembro de 2010

Nicholas Sparks

O autor, cujo todos os livros entraram nas listas de Best-Sellers do New York Times, Nicholas Sparks está passando alguns dias em solo brasileiro. Chegou quinta-feira, dia 2, e permanece por aqui até o dia 7. Em poucos dias já passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador. Amanhã estará em Curitiba e por último em Ribeirão Preto, cidade onde fica a editora Novo Conceito que está trazendo os livros dele para o Brasil.

O escritor passou a ser aclamado no Brasil, principalmente, depois dos filmes Querido John e A Última Música, ambos de 2010. Entre os mais antigos estão Um Amor pra Recordar, Diário da Paixão e, o sucesso de 1999, Uma Carta de Amor, estrelado por Kevin Costner.

Acompanho seu trabalho desde 2002, quando assisti ao filme Um Amor pra Recordar pela primeira vez. Foi só em 2008 que adquiri meu primeiro livro do autor e não parei de lê-lo desde então. Dos 16 livros lançados possuo 12. No entanto, ao trazerem o Nicholas Sparks para o Brasil, a editora Novo Conceito estipulou que apenas livros dessa editora poderiam ser autografados nas noites de autógrafo. Considerando que alguns poucos livros dele já foram publicados por outras editoras achei a atitude justa, até me atingir. Liguei para a Novo Conceito e fui informada de que meus livros em inglês não poderiam ser autografados.

Mas fã que é fã acredita até o último não. Na noite do dia 03 fui de Pinheiros, onde moro, até o shopping Center Norte, com todos meus livros em inglês e o Querido John em português. Depois de imprevistos (causados pela má organização do evento) consegui entrar e aguardar uma longa chamada até a minha senha de número 319. Nesse tempo escrevi uma carta para ele e juntei-a ao presente que eu mesma preparei (um dos meus "famosos" origamis).


Depois de ser recebida com um abraço e um beijo no rosto, fui logo dizendo (controlando muito o nervosismo de estar cara-a-cara com O cara): "Eu trouxe todos os seus livros, mas eles não estão deixando você assiná-los, se eu esperar até o final, você assina?". Ele me prometeu autógrafo em mais cinco livros, além de ter repetido várias vezes "It's beautiful" depois de tê-lo feito abrir o presente para todos verem, conseguimos um "OWN" do auditório todo.


Esperei até o final e quando me viu de novo disse: Becka is back! O que mais eu queria? Ele aprendeu meu nome. Mas eu ganhei mais, ele decidiu assinar todos os meus livros. Conversou comigo sobre seus livros, livros de outros autores. E eu gostaria muito de ser imparcial e apenas "divulgar" o trabalho maravilhoso desse autor, mas como leitora e fã, fica impossível escrever um post assim.


Em 2010 tive chance de conhecer meus dois autores preferidos (Antonio Prata e Nicholas Sparks) e descobri que correr atrás do que se quer vale a pena, mesmo que seja necessário carregar um peso grande (no caso 12 livros por ônibus e metrô) até chegar ao objetivo final.

PS: A foto com o origami fica pra depois, a Saraiva ainda não divulgou as fotos do evento no site.



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Algumas das piores propagandas de 2010

Em 2010 algumas propagandas se destacaram entre as piores já televiosinadas. Aliás, ultimamente são poucas as que realmente chamam atenção de forma positiva. Tentei lembrar de algumas que me incomodaram muito, vou listá-las e explicar o que as fez chegar aqui.

"Quem dirige o novo Ford Fusion fez por merecer":



Tudo começa com a pergunta "Onde você pretende 'tá daqui 5 anos?". A resposta dele inclui imagens dele dirigindo um belo carro, visualmente novo, acompanhado pela moça que fez a pergunta inicialmente. É de se esperar que qualquer homem deseje um carro do ano e uma bela mulher ao seu lado.
Ao fazer a mesma pergunta à moça, temos o rapaz dirigindo o mesmo carro de antes. A única mudança é que ela aparece no banco de trás, dando a entender que ele é apenas o motorista dela. Nada errado até ai. Ou quase.
A propaganda termina com a frase "Quem dirige o novo Ford Fusion fez por merecer".
Bom saber que ambos desejam daqui cinco anos serem propretários de carros antigos. Ela aparece como uma empresária (capaz de pagar um motorista), mas não merecedora de dirigir o carro, já que é ele quem dirige. E ele aparece sendo incapaz de ser um empresário, mas merecedor, mesmo sendo motorista, de dirigir um Ford Fusion. #Fail.

Pintos Shopping



Eu preciso mesmo explicar? Antes que você pare para achar que essa propaganda foi apenas uma maldade que fizeram com o Gianecchini eu aviso que o Pintos Shopping realmente existe e fica em Teresina-PI.
O pior não é o nome do shopping, mas o Gianecchini se propor a fazer uma propaganda dessas, muito mais depois de todos os boatos sobre seu namoro de anos com Marília Gabriela ser apenas fachada, enquanto ele namorava, na verdade, o filho da apresentadora.
Ele ainda deita no chão, vendo sandálias femininas, com uma trilha que diz "tudo o que você mais quer, tudo que você mais gosta". Pra finalizar, "Tudo o que você queria, onde você sempre quis". Jura, Giane? É pedir pra virar piada nacional.

Colgate Plax Whitening Tartar Control



Para quem não sabe, essa propaganda é a versão brasileira da propaganda onde o rapaz está escovando os dentes e tem seu banheiro invadido por uma moça de jaleco, cameras filmadoras e fotográficas. O conceito já é ruim, mas os brasileiros se mostraram capazes de tornar a coisa pior que a invasão domiciliar da versão original.
A moça está dentro de um provador (de uma loja 100% vazia) e ao se interessar por alguns vestidos ela não os prova, apenas os coloca em frente ao corpo, escondendo um vestidinho branco.
Tudo bem, seria mesmo muito estranho colocar uma moça de lingerie em rede nacional, mas mais estranho é invadirem o provador para fazerem propaganda de fluor bucal. Eu reagiria de forma diferente, vai saber.

Chega, né? Vamos subir o nível das propagandas, por favor? Assistam mais propagandas da Havaianas, por exemplo, são meu atual padrão de qualidade.

Espero que tenham gostado do post novo!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Paixão

Eu odeio ficar sem escrever. É como se algo morresse dentro de mim, talvez por isso a dor.

E eu confesso não ser apaixonada por todos os meus textos, por isso alguns nunca são lidos por outras pessoas além de mim, por isso releio alguns que publiquei e não sinto mais nada. Mas meu maior problema é quando me apaixono por um texto.

Eu não sei o que fazer depois dele. É como um sentimento (por alguém) que não posso simplesmente ignorar, substituir. Parece que nada que eu escreva, mesmo querendo, mesmo precisando, jamais será tão bom quanto o anterior. E da mesma forma que não sei lidar com esse tipo de sentimento em relação à alguém, não sei lidar com esse tipo de sentimento em relação ao que escrevo.

Mas uma hora passa, sempre passa. Passa e, ao mesmo tempo, fica guardado, porque os sentimentos são assim. Sei que em algum momento eu vou escrever de novo, me apaixonando por ele ou não, mas ao reler o anterior, ao passar por algo que me remeta a ele, ao lembrar dele, eu vou sentir de novo. Tudo de novo, por alguns instantes.

Acho que preciso encarar a verdade, sou apaixonada. Preciso ser. E depois de tanto tempo, depois de tantas coisas, de tanta dor, de tanto escrever, tanto não-escrever, eu aprendi amar o que mais me dá paz.

domingo, 3 de outubro de 2010

Colocando as cartas na mesa

Toda vez que eu sei que vou te ver eu tomo a decisão de não ser simpática quando isso acontecer. E a culpa é sua, você me faz decidir por isso. E então eu te vejo. E eu sou simpática. Não simplesmente por eu ser realmente assim, mas porque é isso que você aflora em mim quando estamos juntos. Seu sorriso, seu toque, a forma como fala comigo, me obrigam a ser assim.

E depois, quando você vai embora, quando eu vou embora, eu me odeio, eu te odeio. Eu sei que as coisas vão continuar sendo como sempre são, tudo é lindo até nos separarmos. Até aquelas horas juntos ficarem na lembrança e nós dois voltarmos para os nossos mundos que não incluem o outro.

A gente meio que finge que não se conhece, e quem foi que disse que a gente se conhecia?

Eu vejo que isso é, na verdade, um jogo seu. A parte do ódio que eu sinto toda vez que a gente se despede e parte, eu até gosto desse teu jogo. E você sabe que eu também jogo. E a cada vez aprendo mais as tuas regras e aprendo a impor as minhas.

Algumas regras pessoais eu esqueço ao te ver (talvez por isso o ódio de mim quando vou embora), algumas regras suas eu não entendo (talvez por isso o ódio de você quando vou embora), mas ao mesmo tempo o jogo me faz bem.

Eu sempre me prometo que vou parar de jogar esse nosso jogo secreto, mas acabo cedendo toda vez. Eu, provavelmente, só vou colocar as cartas na mesa quando você decidir fazer o mesmo ou quando você decidir abandonar a brincadeira saudável que a gente inventou sem nem ao menos combinar.

E eu sei que um dos maiores prazeres de um jogo é ganhar, mas eu adoraria um empate. Onde nós criamos novas regras, você fazendo parte do meu mundo, eu fazendo parte do seu. E nós dois indo embora juntos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tudo que há de bom

Sou a favor de ver um cara dançando com sua namorada em pleno supermercado. Sou a favor de um casal de idade avançada trocando abraços no metrô lotado.

Acredito na atitude de um cachorro que "sorri" ao abanar o rabo para um desconhecido na rua, na da criança que ri para a pessoa atrás da mãe na fila do caixa, acredito na inocência que se torna cada vez mais extinta no coração das pessoas.

Me orgulho de ver uma amizade sincera, onde três amigos se propõem a presentear uma única amiga com uma única aliança. Mais, me orgulho de fazer parte desse tipo de amizade e por poder carregá-los a todo lugar que vou, todos os dias, prova de que amigos vem e vão, mas existem os que sempre valerão a pena.

Me impressiono com um escritor conhecido, filho de pai famoso, que dispõe do seu tempo para responder e-mail de leitora que se espelha nele, criando em mim, mais vontade ainda de me tornar como ele com o passar dos anos, seja na qualidade dos textos ou na bondade do coração.

Sorrio com o passarinho se alimentando num galho, de uma árvore qualquer, no meio da cidade de São Paulo, sendo capaz de chamar minha atenção e tirar o foco de qualquer barulho por alguns segundos.

Sou a favor, acredito, me orgulho, me impressiono, sorrio, com tudo que ainda há de bom no mundo, com tudo que é capaz de chamar atenção por ser diferente, por ser positivo, por tornar o mundo melhor.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Desvio

Eu não sei o que é mais difícil, digitar, mesmo com muita dor no braço, em um pequeno teclado de um smartphone, no escuro, para poder escrever sobre você ou ter que me policiar para manter você longe dos meus pensamentos, da melhor forma que eu puder, para me privar da necessidade de escrever, sobre você.

Mas mesmo me policiando, eu nem sempre tenho êxito. Um dia tem 24 horas e eu passo tantas delas acordada que a quantidade de pensamentos a nosso respeito é imensa.

Eu penso sobre ir embora, sobre o medo de não te ver antes de partir, o receio de me arrepender caso isso aconteça, medo de que isso não importe, para você.

Faço considerações sobre minhas atitudes, sobre as suas decisões, sobre como as coisas poderiam ser diferentes caso eu fosse mais forte. Ou eu fui forte até o ponto onde ser forte já não não adiantava mais?

Por que você não ficou para me explicar? Eu precisava tanto de alguém para me reerguer, eu precisava tanto de você para me ajudar a consertar tudo o que nós erramos.

E eu penso nisso tudo até quando decido que não vou pensar, eu sinto você nas situações mais aleatórias, você sempre esteve aqui e qualquer lugar que eu vá é só mais um motivo para pensar em você.

E o que eu mais penso, o que eu mais sinto, é que eu sinto muito. Sinto muito se hoje eu me sinto assim, se ontem eu me sentia assim, se eu vou sempre me sentir assim. Sinto muito se fui eu quem levou o nosso caminho certo a esse desvio torto. E se não fui eu, eu sinto muito por fazer parte desse desvio.

E torço para que tudo isso seja somente um desvio torto, que tenha nos tirado de um longo caminho tão certo. Mesmo que eu vá embora, mesmo que a gente não se veja antes de eu partir. Mesmo que eu nunca vá.

Uma parte de você sempre vai comigo e um pedaço de mim sempre será seu.

domingo, 5 de setembro de 2010

Pais e Filhos

Recentemente passei a ter medo de ter filhos. Medo não por conta da criação, pais educam, avós estragam, partiria dai. Medo de ter meus filhos em um mundo que, muito provavelmente, caso as coisas continuem como estão, será muito pior que o de hoje.

Sei que mesmo dando trabalho aos meus pais (afinal, essa é parte das obrigações primárias de qualquer filho), nunca fui de dar muito trabalho. Sem arranjar problemas na escola (o que não quer dizer que não arranjavam comigo), sem desobedecer (sempre). Meus pais, provavelmente, cultivam uma lista enorme de queixas a meu respeito, mas sei também que sempre fui uma boa filha.

Hoje sei que, de alguma forma, minha inocência em relação a muita coisa, durou bem mais do que a das crianças que cresceram comigo. Hoje vejo que as crianças da geração atual são cada vez mais adultas, na forma de falar, de pensar, de se portar, mesmo que ainda sejam crianças.

Meu medo é saber que não terei condições de privar meus filhos de aprenderem coisas na escola, na casa de amigos, que jamais aprenderiam comigo e que isso os torne jovens, adultos, fora da ética que lhes foi apresentada dentro de casa.

Tenho receio de que suas companhias os influenciem de forma negativa. Atitude é decisão pessoal, a mesma criação pode ser concedida a duas pessoas que tomarão decisões e caminhos completamente diferentes.

Eu não me vejo capaz, daqui a 10 anos (quanto mais agora), de colocar uma criança no mundo tendo a plena consciência de que a minha influência não é suficiente para que ela cresça corretamente.

Meu medo é que meus filhos me deem todo o trabalho que eu nunca dei aos meus pais. E que, pior, eu não seja capaz de ajudá-los a se tornarem adultos conscientes, responsáveis, cultos, como meus pais me ajudaram a ser.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

É minha culpa

É minha culpa.

Se a criança pedindo dinheiro no farol não tem o que comer hoje, a culpa é minha. Se pela rua existem papéis jogados pelo chão, em todo lugar, a culpa é minha. Se o prefeito eleito em minha cidade é, na verdade, mais um ladrão, a culpa é minha. Se um deficiente moral estaciona na vaga de deficiente físico, a culpa é minha.

Minha culpa, minha máxima culpa.

Fui eu quem não entregou um lanche a criança. Eu quem viu a pessoa ao lado jogar o papel no chão e se omitiu. Eu quem não lutou por um resultado melhor na eleição, ou por nova eleição com novos candidatos, não custava tentar. Fui eu quem não fez o bípede de saúde física em perfeito estado estacionar em outra vaga.

Fui eu quem não reclamou quando a senhora entrou no trem e aqueles que estavam em seu lugar de direito fingiram que não perceberam. Até que alguém, sentando em um assento marrom, dispôs seu lugar. Foi quando os que se encontravam no assento cinza fizeram cara de surpresa, fingindo não ter se dado conta da presença da senhora até então.

Fui eu quem viu pessoas passando na frente da gestante no caixa do supermercado, não fui eu quem ergueu a voz por seu direito.

Eu que não doei roupas no inverno, nem brinquedos no dia das crianças e no natal.

Eu que não fiz muito no pouco. Eu que não fiz o mínimo. Sem lanche, sem direito, sem atitude, sem voz. Repasso o que me foi dito por meu pai, “Indignação sem ação é indigno”. É minha culpa, minha máxima culpa.

Enquanto não houver luta, não houver atitude, não houver voz, não houver ação, vindo de mim, a culpa é minha. Minha culpa, minha máxima culpa.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Talvez eu seja

Recentemente perguntei ao meu pai, que é escritor, como ele reage quando uma pessoa se mostra encantada por algo que ele escreveu, cheia de elogios. Ele me respondeu, "Com vergonha", e riu. Só isso já fez com que eu me sentisse melhor, afinal, essa é a exata reação que tenho quando alguém decide elogiar algo escrito por mim.

Comentei com ele sobre uma determinada pessoa e os comentários tecidos por ela a respeito daquilo que escrevo, como escrevo. Foi então que ele me disse, sério: "Você é o Antonio Prata dele". E quem sorriu dessa vez fui eu.

Antonio Prata é, como sempre faço questão de dizer, o motivo pelo qual eu escrevo hoje. Foi quando comecei a ler suas crônicas, ainda na Revista Capricho, anos atrás, que comecei a escrever.

Talvez eu não inspire a pessoa que citei a tal ponto, talvez não a inspire de forma alguma, mas ainda assim tenho influência sobre a vida dela a partir do momento que ela decide ler o que eu escrevo. Mesmo que eu não consiga imaginar que alguém olhe para mim como eu olho para o Antonio, para o Nicholas Sparks, como sei que muitas pessoas olham para a Tati Bernardi ou qualquer outra pessoa cheia de talento. Como eu mesma olho para o Chico Buarque e seu talento para a música.

Mas, talvez, eu seja mesmo o "Antonio Prata" dessa pessoa, de outro alguém ou ainda tenha a chance de ser. E só esse "talvez" já me faz feliz, mesmo que eu possa ficar sempre no "talvez", mesmo que o "talvez" seja, na verdade, eu não ser. A chance de ser, sim, já me vale.

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A "inspiração" veio cedo (cedo de ontem), mas só consegui escrever às 2 horas da manhã (cedo de hoje).
E se comecei a escrever sobre isso por conta de um comentário doce sobre como escrevo, aproveito para fazer um agradecimento ao Antonio Prata que hoje, dia 24 de agosto, completa 33 anos e desde seus 20 e uns faz parte da minha vida.
Obrigada por me "ensinar" a escrever ou, melhor, por ter plantado em mim, com suas palavras, a necessidade incontrolável de escrever.

sábado, 21 de agosto de 2010

Un-heart it very much!



"Hate is a strong word,
but I really, really, really,
don't like you".
Hate (I really don't like you) - PWT's

Odeio o trânsito de São Paulo e o barulho que ele causa dentro e fora da minha cabeça. Odeio meu fone de ouvido que não me impede 100% de ouvir esse barulho todo. Odeio motoqueiros que não só costuram em meio aos carros, mas levam retrovisores juntos sem dar a menor importância.

Odeio menininhas fáceis que se jogam para cima de caras legais, que em meio a tantas menininhas facéis deixam de ser tão legais assim. Odeio a idéia de sentar na calçada, numa mesa de boteco em meio a poluição, barulho e trânsito apenas para tomar uma "breja". Odeio salto alto e roupa colada para sair com homens que se vestem como maloqueiros de calças largas que cabem dois deles ali dentro. Odeio roupas caras para manter as aparências, odeio gírias e trejeitos para se encaixar.

Odeio música ruim na tv, no rádio, ao invés de Chico Buarque e todo resto que há de bom para se ouvir. Odeio mulheres semi-nuas (peladas!) na tv no domingo à tarde, ou em qualquer outro horário.

Odeio que me chamem de amor, não, não sou seu amor, sou sua amiga, sua conhecida, sua qualquer-outra-coisa-que-não-amor. Odeio que não entendam o que é o amor. Odeio pessoas que não sabem ficar sozinhas.

Odeio pessoas iguais, roupas iguais, vidas iguais, atitudes iguais, vidas vazias iguais. Odeio padronização. Odeio falta de discernimento, falta de coragem, falta de vontade própria, falta de dizer o que pensam, falta pensar sozinho.

Odeio esse mundo mesquinho. Odeio odiar tanta coisa, mas é o que existe, igualdade vazia, cabeça vazia, carteira cheia, sorriso cheio e coração vazio.

domingo, 4 de julho de 2010

Enquanto a vida vai...

"Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar"
O anjo mais velho - Teatro Mágico


O tempo passa, as coisas acontecem, mudam e eu continuo aqui. Cheia de palavras a dizer, tantas palavras já ditas, tantas outras escritas e guardadas. Totalmente perdida sem saber o que fazer com elas, como organizá-las em mim, como organizar você nelas.

As músicas ajudam, as músicas machucam, depende do dia, depende da sua ausência, da sua presença. As palavras chegam e pronto: as lágrimas seguem o mesmo caminho. Uma é consequência da outra, até mesmo na ordem contrária, choro e palavras. Palavras e choro.

E eu só queria dizer, só queria escrever, só queria não guardar mais: I meant every word.

sábado, 19 de junho de 2010

Cafuné

Eu me lembro como se fosse ontem. E talvez tenha sido, talvez essa sensação de o tempo não ter passado seja porque ele não passou. Talvez já faça tempo e ainda assim eu vivo como se fosse ontem. Como se fosse hoje. É confortável ter você em um passado tão próximo, mesmo que seja distante.

Você ao meu lado, seu sorriso tão perto de mim. O silêncio e a chance de te observar de perto. Cada detalhe, confesso, meus olhos atentos à cada detalhe seu. E sonhando acordada, eu me imaginei ali, minha mão em seus cabelos e eu te oferecendo, discaradamente, um cafuné que você nem me pediu.

Mas eu sabia que não poderia, que você, naquele momento, não entenderia. E eu não podia arriscar aquele momento, não daquela forma. Mas ainda assim eu me lembro, como se fosse ontem, de te olhar de perto e da vontade quase incontrolável de te oferecer um cafuné.

E quem sabe, um dia, eu possa fazer esse cafuné, sem que eu te ofereça, sem que você me peça, apenas o momento acontecendo como um dia eu sonhei acordada de vê-lo acontecer.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Carta à minha irmã mais nova

Gostaria de começar te pedindo desculpas, talvez esse pedido seja mais para calar minha consciência do que realmente fazer com que você me desculpe. Nos últimos anos (sim, anos) minha consciência pesa sempre que considero minhas atitudes em relação à você.

Me sinto negligente, ausente, me sinto culpada. Como irmã mais velha enxergo grande parte do que represento, e também do que deveria representar, para você. E pensando nisso é impossível não pensar em meus erros, no quanto eu queria ser melhor, não só por mim, mas por você e para você. A vontade de compensar em você a sensação que eu sempre tive pela falta de uma irmã mais velha para me ensinar tudo, ser meu exemplo e me ajudar a crescer.

E por mais que eu queira, todos esses anos, ser tudo isso para você eu me vejo falhando. E a cada palavra doce de como eu sou "a melhor irmã mais velha do mundo" eu me sinto, na verdade, "a pior irmã mais velha do mundo". Tenho medo que minha falta de comprometimento com você torne você alguém um "nível abaixo" do que você poderia ser se eu fosse, realmente, tudo que você enxerga.

Nas minhas lembranças você é, ainda, a menina de 11 anos que chorou no meu último dia no mesmo colégio. Que compartilhou comigo seus presentes vindos do Japão. Para mim você é aquela menininha. E tem sido difícil e estranho aceitar que você não é mais (só) aquela menina. Entender que aos poucos nossos assuntos vão se tornando mais parecidos e a diferença de idade menor.

E eu quero muito fazer parte desse crescimento, desse desenvolvimento, mesmo estando longe, ausente fisicamente. Penso em você muito mais do que conversamos e queria que isso fosse o suficiente, mesmo sabendo que não é.

Minhas vontades incluem ser realmente a irmã mais velha que vai ouvir seus problemas e te ajudar a solucioná-los, quem vai te ver entrar em uma faculdade pública em um futuro muito próximo e chorar de orgulho ao ver seu nome na lista dos aprovados por saber que você está se tornando alguém melhor do que eu sou. Eu quero isso. Quero ver você desenvolvendo todo o potencial que eu enxergo em você desde seus 11 anos.

Eu gostaria de te privar de muitas coisas que eu passei, mas querendo ver você crescer, amadurecer, sei que muitas delas você terá que enfrentar e eu espero ser capaz de estar ao seu lado, independentemente de estar fisicamente ao seu lado ou não. Eu quero ler seus textos, como fiz recentemente e poder repetir mil vezes: É minha irmã. Sentido muito orgulho, não por você ser minha irmã, mas por eu ser a sua.

Eu quero poder sempre te chamar de Pequena, mesmo sabendo que isso só quer dizer que você sempre será minha irmã mais nova e não falando da grande pessoa que você está se tornando.

Eu te amo, Pequena.

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Uma carta sincera, à pequena grande menina que desde seus 11 anos e hoje aos seus 17, me enxerga como sua irmã mais velha, mesmo não compartilhando o mesmo sangue, os meus pais, o mesmo lar, apenas o mesmo coração. Obrigada Thati, por me deixar fazer parte da sua vida completando sua família.

domingo, 6 de junho de 2010

Há motivos?

"E eu vejo nos seus olhos
uma paz interior
quando você sorri"
Então Vai - Scracho

Ela nunca soube dizer ao certo o que fez nascer tudo aquilo. Se dissesse, "O sorriso", estaria mentindo. Não somente ele. Talvez "Os olhos", mas ainda assim seria injusto com todo o resto que também foi culpado por seus pensamentos. Por seus sentimentos.

O sorriso trouxe a sinceridade. Foi assim que ela o descreveu desde o ínicio... "Vejo sinceridade, é de verdade o sorriso que ele oferece às pessoas". A sinceridade trasparecida ali sempre foi acompanhada pelo brilho no olhar. Não o brilho nos olhos dela ao vê-lo, mas a chance de registrar o brilho dos olhos dele. E poder lhe dizer isso. "Seus olhos brilham muito". Ela sendo capaz de superar a timidez e lhe dizer isso olho no olho. Brilho no olhar com brilho no olhar.

A mordida na boca. Igual a dela. A mania que ela tem de, distraidamente, morder o lábio inferior enquanto se concentra em algo. Ele fazendo igual. Substituindo seu sorriso pela mania dela, pela mania comum deles.

Mas até ela, sendo conhecedora de seus sentimentos, princípios, se sentiria mal por dizer que foi isso. Um sorriso. Um brilho no olhar. Seu braço. Suas costas. Sua barba. Se sentiria mal se enxergasse apenas isso. Mas não, sempre foi mais.

A graça. Seja se mexendo sem parar, fazendo qualquer um que pare para o "assistir" por 2 minutos rir. Sorrir. Isso. A capacidade de fazê-la sorrir. O sorriso besta que vai de uma orelha à outra, assim como sempre é o dele. O sorriso das "covinhas". O dele, não o dela.

A despreocupação com opiniões dos que não o conhecem, que julgam sem saber, sem tentar entender. A decisão de viver o momento. A seriedade. Responsabilidade com jeito de menino, a forma de receber os novos, de saudar os antigos.

A vontade que ele cria nela, mesmo de longe, de estar perto de novo.

domingo, 30 de maio de 2010

O Encontro

“A vida é a arte do encontro,
embora haja tanto desencontro
pela vida.”

Vinícius de Moraes

Em meio a um abraço desajeitado e silencioso ela disse:

- Oi – e sorriu.

Ele sorriu de volta com o canto da boca. Voltaram a ficar em silêncio. Ele sugeriu que caminhassem um pouco.

Lado a lado eles seguiram calmamente pela avenida, conversando besteiras e tentando fingir que aquele momento era apenas mais um, como outro qualquer, mesmo os dois sabendo que não.

Em meio ao balanço natural dos braços eles sentiam suas mãos se tocarem e ela, branquinha, ficava levemente corada a cada toque. Mas nenhum dos dois se propunha a segurar a mão do outro nem tão pouco se afastar para que os choques deixassem de acontecer pelo caminho.

Sentaram-se em um banco e ficaram em silêncio. Ambos assistindo a movimentada avenida e ao mesmo tempo perdidos em seus pensamentos e mundos interiores.

Ele perguntou o que ela estava pensando, ela hesitou, mas sabia que a melhor resposta seria a resposta verdadeira, levemente desviando o olhar ela disse:

- Eu sonhei com isso, assim. Por dias, logo no começo. Mas depois os sonhos deixaram de existir e eu achei que era para que a minha vontade de que os sonhos se tornassem reais deixasse de existir também. Como um aviso.

Ele a olhava, enquanto ela fitava o chão. Ele ficou pensando em como devia ter sido difícil para ela assumir aquilo, assumir que tanto tempo antes ele tinha feito parte dos sonhos dela:

- Eu também sonhei. Sonhei que um dia eu ia te pedir algo e você diria sim com um sorriso nos lábios.

Ela não sabia se esperava ele completar ou se perguntava qual era o pedido. Escolheu por se manter em silêncio. Ele se sentou um pouco mais perto dela e ainda assim ela buscava não olhá-lo, até que ele disse, estendendo a mão em sua direção:

- Você me daria a honra de segurar sua mão?
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Texto escrito em 14.01.10 - Como o tempo passa...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Quem é você?

Quem é você que destrói minhas lembranças?
Que muda meus olhos e me faz enxergar diferente,
que estraga lembranças, que arruína verdades.

Agindo como se me conhecesse sendo que nem
eu o conheço, não o reconheço, não sei quem é você!
E isso me consome, me dói. É injusto. É errado.

Quem é você confundindo a pouca sensatez
que me resta, a pouca consciência, a pouca verdade?

Quem é você?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A free hug, anyone?

Depois de pouco mais de dois anos morando em São Paulo, eu realmente sou sincera quando digo que fico bem sozinha. Não quer dizer que eu prefira ser sozinha, ou que escolho não ter amigos aqui, mas as circunstâncias levaram a isso de alguma forma e eu aprendi a aceitar.

A maior parte do tempo eu nem me importo, ou então nem ao menos me dou conta do fato. Não é como se ver amigas passeando e conversando pela rua me faça mal, eu vejo, mas não me afeto. Ou que sair sempre sozinha para resolver coisas, por mais banais que sejam, me incomode.

Até porque eu adquiri fones de ouvidos como ótimas companhias. Me privam do barulho da cidade, me privam até de certos pensamentos, por mais que esses venham do mundo de dentro, me deixam em paz.

Mas nem todos os dias são dias de tranquilidade. Nem todos os dias eu consigo ser feliz sozinha, nem sempre é fácil passar o dia todo sem ter alguém para andar ao meu lado e saber quem eu sou e se preocupar comigo.

E esses são os dias difíceis que eu sofro e não sei pra onde correr, porque não tenho pra quem correr. E a coisa mais simples pra amenizar tudo isso é um abraço, talvez um "Free Hugs" em plena Avenida Paulista pudesse resolver, mas um abraço vindo de alguém que eu possa chamar de "amigo(a)" faz muito mais sentido pra mim.

Hoje é um desses dias. E eu aceito qualquer um dos tipos de abraço.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Conto de Fadas

"I'm not a princess.
This ain't a fairytale"
White Horse - Taylor Swift

Eu não acredito em contos de fadas. Muito menos em filmes e livros românticos. É surreal demais pra mim. O que não quer dizer que não ache lindo e que torça para que em algum dia surreal alguém me prove o contrário.

Até porque, ironicamente, me vejo como uma protagonista desse tipo história. A menina doce, boazinha, que quer sempre o melhor para todo mundo, mesmo que muitas vezes isso represente abrir mão do que é melhor pra ela.

Aquela que sofre com a dor dos outros, e não porque goste de sofrer, mas apenas porque não consegue não se importar com os outros e se sente incomodada com as atitudes de outros que fazem pessoas importantes para si sofrerem. Porque não aguenta mais ver pessoas sofrendo pelas atitudes erradas de outros.

Aquela que adora fazer um carinho, um agrado, que busca sempre demonstrar o valor que carrega dentro de si por cada pessoa que, de alguma forma, a afeta positivamente. Que adora andar de mãos dadas ou oferecer um abraço calmo que traz consigo muito mais do que parece pra quem não faz parte dele.

A menina que passa a narração toda achando que seu final feliz nunca chegará, porque escolheu acreditar nisso. Mas que no fundo sabe que, independente de qualquer um, por mais que os caminhos sejam difíceis, cheios de pedras e espinhos, todo mundo tem um final feliz.

Eu sei que o meu um dia chega, mesmo que isso não signifique viver "felizes para sempre" o tempo todo. Até porque disso eu não faço tanta questão. Afinal, é nas dificuldades que aprendemos a ser fortes.
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Texto escrito no dia 27/01. Num ônibus. No celular.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Duas Décadas

Crescer é complicado. Sempre é.

Quando era criança sofria com os comentários maldosos dos que estudavam comigo e com minhas notas ruins e acreditava que pior que aquilo, só não ter um sentimento recíproco do garoto bonitinho da minha sala.

Com o passar dos anos, me enxergar, quase que completamente, diferente de todos aqueles que estudavam comigo no Ensino Médio me passava uma insegurança muito grande. Minha auto-estima era praticamente inexistente e eu não tinha de onde tirar forças para acreditar que eu podia ser muito mais do que achava que era ou do que enxerga em outras pessoas e não em mim.

Quando completei 18 anos já estava morando em São Paulo e vejo que mudei muito nos últimos dois anos. Aprendi a ser menos apegada às pessoas. Sinto saudades, mas não me deixo consumir e afetar. Não sou mais a menina que caiu de paraquedas em sua cidade natal e enlouqueceu com esse novo mundo.

E ainda assim, crescer continua sendo complicado. Eu aprendi que posso não gostar de onde me encontro, mas que preciso viver porque o mundo continua a girar. Ainda existem pessoas que me lembram que nem sempre temos controle das situações, ou melhor, quase nunca temos esse controle. Que o meu papel é fazer aquilo que cabe a mim, seja em relação à alguém ou em como me proteger da imprevisibilidade que cerca as atitudes de outras pessoas.

E tão perto de completar 20 anos eu só vejo que ainda tenho muito a crescer e não sei em qual direção seguir. Como é complicado se sentir deslocada, sem saber o que fazer da vida. Enquanto isso vou descobrindo meus talentos, tentando encaixá-los de uma forma que me ofereçam uma satisfação pessoal, aquela sensação de ter desenvolvido algo.

Não sinto que desenvolvi algo nessas duas décadas que tenha sido impactante para os que me cercam, mas faço questão de conseguir fazer isso nos próximos 20 anos. E, espero eu, que leve muito menos tempo do que isso.